’Alinne Rosa celebra a Bahia e inaugura nova fase com projeto musical dividido em duas partes’

Uma nova atmosfera guia o retorno musical de Alinne Rosa

A cantora e compositora baiana Alinne Rosa acaba de lançar a primeira parte de seu novo projeto musical, As canções que eu fiz pra ela, já disponível em todas as plataformas digitais. O trabalho apresenta uma artista mais leve, solar e conectada às próprias raízes, inaugurando um momento de renovação pessoal e criativa. A segunda parte do álbum, As canções que ela fez pra mim, chega em dezembro e trará faixas voltadas para a energia do verão e para a temporada de carnaval.

O projeto teve início com o single Outras Palavras, que marcou o começo dessa fase mais afetiva e íntima. A sonoridade transita entre samba-pop, afrobeat e reggae, mantendo o axé como identidade central. Essa fusão de ritmos traduz a nova fase da artista, que reencontra na música um espaço de cura e liberdade criativa.

“Vivi um momento complicado recentemente e acabei me recolhendo num casulo, ficando mais quietinha… Esse álbum é um especial pra mim por que realizei fazer coisas que sempre quis e consegui ser mais honesta comigo mesma”, conta Alinne, ao mencionar o período em que enfrentou um quadro de depressão. O processo criativo também marca sua estreia como produtora musical: “Acho que estou me permitindo brincar com novas sonoridades, sem deixar de ser eu. É minha primeira vez produzindo também, e estou muito animada de poder colocar a mão na massa mesmo, em cada detalhe”.

O conceito visual que dialoga com o som

A capa do projeto reforça a proposta das duas partes do álbum. Com uma composição espelhada, a imagem cria a ilusão de que uma Alinne observa a outra, sugerindo versões e narrativas complementares. Essa dualidade sintetiza o processo de reconstrução emocional e artística da cantora e se conecta diretamente ao interlúdio Estamos em Obras, que funciona como um lembrete de que tudo — inclusive nós mesmos — está sempre em transformação.

Bahia como centro emocional e criativo

A Bahia ganha protagonismo no novo projeto. Em cada faixa, a artista revisita suas referências culturais, afetivas e musicais, celebrando a pluralidade do estado que a formou. O resultado é um álbum com forte identidade territorial, cheio de cores, ritmos e paisagens sonoras que remetem ao litoral, ao carnaval, à leveza e à espiritualidade baiana.

Entre as músicas, destaca-se a já comentada Wagner Moura, uma homenagem divertida à baianidade e aos talentos do estado. A faixa cria um retrato bem-humorado do ator que dá nome à canção, com versos que abusam da irreverência e do carisma: “Ó paí ó, que boca / Tudo que faz é talento / Pede pra eu ficar, não pra sair, Capitão Nascimento”. Alinne revelou ter apresentado a música ao próprio Wagner após assistir à peça Um Julgamento – Depois do Inimigo do Povo, em Salvador, tornando o encontro ainda mais simbólico.

Faixa a faixa: o que esperar da primeira parte do álbum

A primeira parte do projeto traz cinco faixas que exploram nuances diferentes da personalidade musical de Alinne Rosa. Cada uma apresenta uma Bahia única — ora quente e vibrante, ora afetiva e introspectiva.

Outras Palavras

Primeiro single da era, Outras Palavras abre o álbum com um sambinha de sotaque baiano, misturando elementos de samba-reggae e MPB. A canção é uma ode ao mar, ao verão e à leveza, com versos que evocam afetividade e pertencimento. “Quero tudo que é leve/ Quero tudo que é mar/ Quero ensaio do cortejo/ Quero mergulho de abadá”, canta Alinne, num convite ao que é simples e essencial.

A faixa conta com a participação de nomes como Paulo Batera (bateria), Tiago Nunes (percussão), Hebert Cruz (baixo) e Jack Almeida, que assina também produção, arranjos e direção musical ao lado da artista. A gravação ocorreu nos estúdios Soul Jack Records e Ori.

Mania

Com groove marcante e influência de afrobeat, Mania exibe uma Bahia moderna e sensual. A música fala de desejo e química, “aquela mania boa de se enroscar”, e aposta em baixo contagiante e percussões leves. Jack Almeida assina guitarra, violão, teclado, baixo e beat, compondo uma produção contemporânea, com atmosfera pop-experimental.

Bloco de Nós Dois

Parceria com Castello Branco, Bloco de Nós Dois é uma marchinha lenta e romântica, perfeita para quem vive o amor como um eterno carnaval. Versos como “O bloco de nós dois já saiu para desfilar desejo” reforçam a aura nostálgica e doce da faixa. Os arranjos remetem às marchinhas antigas, mas com um tratamento moderno que preserva intimismo e autenticidade. Participam das gravações músicos como Paulo Batera (bateria), Hebert Cruz (baixo) e Tiago Nunes (percussão).

Wagner Moura

Reggae leve com humor e muito dendê, a faixa é um dos momentos mais carismáticos do álbum. A percussão fica por conta de Cara de Cobra e a produção combina organicidade e frescor pop. Com refrão que já nasce para grudar — “É a Bahia, porra!” — a música traduz baianidade com irreverência e autenticidade.

Obrigado

Fechando a primeira parte do trabalho, Obrigado traz Alinne em sua forma mais crua: voz e violão (neste caso, ukulele). A faixa é emotiva e íntima, uma continuação conceitual de Acredite no Seu Axé, lançada no início de 2025. A música fala sobre cura, afeto e gratidão, valorizando pequenos gestos que transformam dias difíceis.

A força criativa por trás do projeto

Além de assinar composições, interpretações e produção musical, Alinne Rosa aparece também como produtora fonográfica, ao lado de Jack Almeida e Raffa Souza, que exerce a direção executiva do projeto. As gravações aconteceram majoritariamente na Soul Jack Records, com mixagem e masterização de Jackson Almeida.

A primeira parte de As canções que eu fiz pra ela reafirma a versatilidade de Alinne Rosa e sua capacidade de revisitar a própria história sem perder a identidade. Com ritmos que dialogam com o passado e o presente, a artista inaugura um novo capítulo da carreira, abrindo espaço para vulnerabilidade, alegria e reinvenção.

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