Coração gigante ocupa Caixa Cultural Recife em mostra ‘Conexões viscerais’

Obra de Eliú Damasceno utiliza 23 mil metros de conduíte e pesa 200 quilos, espalhando arte e interdisciplinaridade pelo Bairro do Recife

Recife, 11 de julho de 2025 — A partir desta sexta-feira (11), a Caixa Cultural Recife passa a abrigar um coração fora do comum: com quatro metros de altura, 200 quilos de peso e 23.500 metros de conduíte corrugado, a escultura “Visceral”, do artista Eliú Damasceno, é a peça central da exposição “Conexões viscerais”. A mostra se estende até 24 de agosto e tem entrada gratuita, oferecendo ao público uma experiência que ultrapassa os limites da arte visual, conectando diferentes áreas do conhecimento e da cidade.

Localizada na Galeria 1 da Caixa Cultural Recife, a obra vai além do espaço interno: veias e artérias feitas de conduítes se infiltram em todo o ambiente expositivo e até na área externa do museu. “O Recife não tinha um coração e agora tem”, afirma Eliú Damasceno, que assina a criação com curadoria das professoras Joana D’Arc Lima e Renata Wilner.

A exposição também apresenta uma seleção de 24 fotografias, em cores e em preto e branco, que registram o processo de construção da obra. Os registros são assinados pelo próprio coletivo envolvido na criação do projeto e pelo fotógrafo convidado Vitor Diniz.

Da universidade para a cidade

A ideia de construir um coração gigante nasceu enquanto Eliú ainda era estudante do curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ele conta que, ao ingressar na universidade durante o período da pandemia, teve um primeiro contato frustrante com o espaço, mas também inspirador.

“Quando eu entrei na universidade, eu esperava encontrar lá vários trabalhos em exibição. Mas eu ingressei no período da pandemia e foi um primeiro contato meio frustrante. O local estava um pouco empoeirado e abandonado. Mesmo com tudo isso, eu fiquei apaixonado pelo pátio verde e aberto. Pensei que lá era um lugar perfeito para uma instalação. Mas eu ainda não sabia qual”, relembra o artista.

A obra ficou exposta inicialmente no Centro de Artes e Comunicação (CAC) da UFPE por um ano, antes de ocupar a Caixa Cultural Recife, considerada por Eliú como uma oportunidade de expandir o alcance da instalação para além do ambiente acadêmico.

Arte, técnica e memória familiar

“Visceral” não é apenas uma instalação artística. A peça é resultado de uma história pessoal que mistura artesanato, construção civil e relações familiares. Eliú começou a trabalhar com o pai, eletrotécnico, aos 14 anos, e teve desde cedo contato com ferramentas e materiais como os conduítes usados na obra.

“Construída com matéria-prima oriunda da construção civil, ‘Visceral’ conta com 23.500 metros de conduíte corrugado”, explica Eliú. A escolha do material e da forma traduz um conceito multidisciplinar que sempre esteve presente no projeto.

“Eu sentia a necessidade de um projeto que fosse multidisciplinar e que conectasse o CAC. Todo mundo convivia no mesmo espaço, mas parecia algo meio segmentado. Durante um momento, o coletivo chegou a quase 40 pessoas incluindo eletrotécnicos, arquitetos, engenheiros, pessoas do curso de Expressão Gráfica e de Design. Com a nova locação, esse fluxo de pessoas se expandiu para fora da universidade”, completa.

Fotografias revelam bastidores da criação

Além de contemplar a grandiosidade da instalação principal, o público da Caixa Cultural poderá conferir um olhar mais íntimo do processo criativo através da mostra fotográfica integrada a “Conexões viscerais”. São 24 registros produzidos pelo coletivo responsável pela construção da obra e por Vitor Diniz, convidado especial para documentar os bastidores.

As imagens mostram desde o planejamento e montagem da estrutura até detalhes do acabamento e da participação dos colaboradores. A proposta é evidenciar que, assim como o coração no corpo humano depende de veias e artérias para funcionar, a obra também se constrói a partir da conexão entre pessoas, saberes e técnicas.

Serviço
Exposição: Conexões viscerais
Obra principal: “Visceral”, de Eliú Damasceno
Curadoria: Joana D’Arc Lima e Renata Wilner
Quando: de 11 de julho a 24 de agosto de 2025
Horário: terça a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h
Onde: Caixa Cultural Recife – Av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife
Entrada gratuita
Informações: @caixaculturalrecife

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