Mostra inédita no Nordeste reúne 54 imagens impactantes do maior garimpo a céu aberto do mundo; entrada é gratuita na Caixa Cultural
Recife é a primeira cidade do Nordeste a receber a exposição “Gold – Mina de Ouro de Serra Pelada”, do renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. A mostra, aberta ao público a partir desta quarta-feira (24), ocupa a unidade da Caixa Cultural na capital pernambucana até o dia 29 de junho, com entrada gratuita.
Reunindo 54 fotografias em preto e branco, todas capturadas na década de 1980, a exposição retrata com sensibilidade e profundidade o cotidiano dos cerca de 50 mil garimpeiros que, em condições precárias, trabalharam no maior garimpo a céu aberto do mundo, localizado em Curionópolis, no sudeste do Pará, região da Amazônia.
Um mergulho na história da mineração brasileira
Durante 30 dias, Sebastião Salgado esteve imerso no ambiente caótico e, ao mesmo tempo, hipnotizante de Serra Pelada, onde toneladas de ouro foram extraídas em uma corrida frenética que mobilizou homens de todo o Brasil. Seu olhar humanista transformou o local em uma poderosa narrativa visual sobre trabalho, ganância, desigualdade e esperança.
“O que dizer desse metal amarelo e opaco que leva homens a abandonar seus lares, vender seus pertences e cruzar um continente, a fim de arriscar suas vidas, corpos e sanidade por causa de um sonho?”, questiona Salgado em uma das frases que acompanha a exposição.
Caixa Cultural comemora 45 anos com arte e memória
A mostra integra as comemorações dos 45 anos do projeto Caixa Cultural no Brasil e reforça o compromisso da instituição com o incentivo à cultura e à memória brasileira. Ainda neste ano, Belém será a próxima cidade a receber uma nova unidade da Caixa Cultural, ampliando a presença da instituição na Região Norte.
Em Recife, a exposição está montada no espaço localizado no Bairro do Recife e tem curadoria e design de Lélia Wanick Salgado, esposa do fotógrafo. Lélia também é responsável pela organização editorial da obra e cofundadora da agência Amazonas Images, além de presidir o Instituto Terra, criado pelo casal para promover a restauração ambiental no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.
Uma trajetória de imagens e impacto social
Nascido em 1944, em Aimorés (MG), e formado em Economia, Sebastião Salgado iniciou sua carreira como fotógrafo em 1973, após viver na França. Desde então, percorreu mais de 100 países registrando temas como migrações, condições de trabalho, desastres ambientais e comunidades tradicionais.
Sua produção ganhou reconhecimento internacional e resultou em livros, prêmios e documentários, como “O Sal da Terra” (2014), dirigido por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, seu filho. O filme foi premiado no Festival de Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Documentário.
A exposição “Gold” é considerada um dos trabalhos mais emblemáticos de Salgado, pelo seu valor histórico e pela força visual das imagens. Os retratos dos garimpeiros, cobertos de lama, escalando as paredes da cratera com sacos de ouro às costas, tornaram-se ícones do fotojornalismo mundial.
A experiência de visitar Serra Pelada através da lente
Os visitantes da exposição poderão sentir de perto a tensão, o esforço físico e o sonho coletivo que envolveu a corrida pelo ouro nos anos 1980. O trabalho de Salgado não apenas documenta, mas também questiona as condições sociais e humanas por trás da busca por riqueza.
A experiência proposta pela exposição é imersiva e reflexiva, destacando a importância da fotografia como instrumento de denúncia e memória. A curadoria propõe um percurso que valoriza o impacto visual das imagens e estimula o debate sobre os temas retratados.
Serviço:
Exposição “Gold – Mina de Ouro de Serra Pelada”, de Sebastião Salgado
Onde: Caixa Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, Bairro do Recife)
Quando: de 24 de abril a 29 de junho de 2025
Entrada: gratuita
Horários: terça a sábado, das 10h às 18h; domingos e feriados, das 10h às 17h
Créditos fotos: Sebastião Salgado