Hospital da Criança do Recife chega a 80% das obras e previsão de entrega aponta para 2026

Subtítulo: Unidade vai oferecer atendimento exclusivo a crianças e adolescentes e contará com leitos de enfermaria, UTI, escola hospitalar e centro especializado para neurodivergências

O Hospital da Criança do Recife (HCR) Antônio Carlos Figueira atingiu 80% de execução e segue com previsão de entrega para o primeiro semestre de 2026. Localizado na Avenida Recife, no bairro de Areias, Zona Oeste da capital pernambucana, o equipamento público avança para se tornar uma das principais referências no atendimento pediátrico do Sistema Único de Saúde (SUS). São mais de R$ 200 milhões investidos pelo Ministério da Saúde e pela Prefeitura do Recife para erguer uma estrutura de 12 mil metros quadrados totalmente dedicada a crianças e adolescentes.

Estrutura moderna para ampliar o atendimento pediátrico

Com 60 leitos — sendo 50 de enfermaria e 10 de UTI — o hospital foi projetado para atender exclusivamente pacientes pediátricos, oferecendo desde serviços básicos até suporte avançado em casos de maior complexidade. A gestão municipal informou que a unidade irá disponibilizar 15 subespecialidades, entre elas Pediatria, Neuropediatria, Psiquiatria, Ginecologia, Fisiatria, Gastroenterologia, Psicologia e Odontopediatria.

Além disso, o HCR contará com o Centro TEA/Núcleo de Desenvolvimento Integral (NDI), espaço voltado ao atendimento de crianças e adolescentes com deficiência temporária ou permanente, transtornos do neurodesenvolvimento ou demais condições neurodivergentes. A proposta do centro é promover um acompanhamento multiprofissional, garantindo avaliação, tratamento e monitoramento contínuo desses pacientes.

Escola hospitalar garantirá continuidade da aprendizagem

Um dos destaques da estrutura é a Escola Hospitalar, que ficará localizada no terceiro andar da unidade. O objetivo é assegurar que as crianças internadas por períodos prolongados não tenham prejuízos no processo de aprendizagem. Na prática, serão oferecidas atividades pedagógicas adaptadas à situação clínica de cada paciente, permitindo que o vínculo com os estudos seja mantido mesmo durante o tratamento.

A escola também servirá como ponte entre o ambiente hospitalar e a rede regular de ensino, garantindo que as crianças retornem às suas turmas com maior tranquilidade e sem perdas significativas no processo educativo.

Visita técnica reforça etapa final da obra

Na terça-feira (18), o prefeito João Campos esteve no canteiro de obras acompanhado do vice-prefeito Victor Marques, da secretária do Gabinete de Projetos Especiais, Marília Dantas, e da secretária de Saúde, Luciana Albuquerque. A comitiva percorreu diferentes setores da construção para avaliar o andamento dos serviços e conferir de perto o avanço das etapas de acabamento e instalação dos equipamentos de infraestrutura.

Durante essa visita, a Prefeitura também promoveu um encontro com a Associação de Mães Neurodivergentes do Recife. O objetivo foi apresentar os espaços que futuramente serão utilizados no atendimento destinado a crianças e jovens neurodivergentes e ouvir sugestões para aprimorar a estrutura antes da fase final de implantação.

Segundo a gestão municipal, o diálogo com familiares e representantes de coletivos ligados ao tema tem sido essencial para garantir que o hospital atenda de forma humanizada e adequada às demandas de diferentes públicos. A consulta às mães neurodivergentes, destacam os gestores, tem permitido adequar espaços, fluxos de atendimento e até elementos de ambientação, a fim de tornar o hospital mais inclusivo.

Atendimento exclusivo pelo SUS

A Prefeitura reforçou que todos os atendimentos realizados no Hospital da Criança do Recife serão 100% pelo SUS, integrando a rede municipal e estadual de saúde. A proposta é que a unidade funcione como referência para casos pediátricos de média e alta complexidade, descentralizando demandas atualmente concentradas em outros hospitais da cidade, como o Hospital da Restauração e o Hospital Maria Lucinda.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Recife, a criação do HCR integra um conjunto mais amplo de ações voltadas à ampliação da rede pediátrica na capital. A abertura do hospital também permitirá aliviar a pressão sobre UPAs e policlínicas, uma vez que muitos casos que hoje evoluem para internação poderão ser encaminhados diretamente para o novo equipamento.

Impacto esperado para a rede de saúde

Especialistas consultados pela gestão municipal destacam que a ampliação de leitos pediátricos representa um avanço importante, já que essa é uma das áreas historicamente mais sensíveis da rede pública. As unidades infantis tendem a registrar maior sazonalidade de casos, como no período de doenças respiratórias, e a demanda costuma crescer rapidamente.

O hospital também chega para fortalecer o atendimento às crianças neurodivergentes, grupo que tem registrado crescimento nos diagnósticos e necessita de acompanhamento contínuo e especializado. A criação de um centro dedicado ao TEA e outros transtornos do desenvolvimento é considerada uma inovação na estrutura de saúde pública da cidade.

Expectativa da população

Moradores de bairros próximos e membros de coletivos ligados à pauta da infância têm acompanhado de perto o avanço das obras. A visita promovida com a Associação de Mães Neurodivergentes do Recife foi vista como um marco simbólico no diálogo com a sociedade civil. Segundo integrantes da associação, a abertura desse canal de escuta demonstra a intenção da Prefeitura de construir um hospital mais acessível e acolhedor.

Durante o encontro, mães presentes destacaram a importância de um espaço especializado para o atendimento adequado às necessidades sensoriais de crianças com TEA, como salas com iluminação ajustável, áreas de espera menos ruidosas e profissionais capacitados para lidar com crises sensoriais. A gestão sinalizou que analisará as sugestões com atenção e buscará incorporá-las ao projeto quando possível.

Próximos passos da obra

Com 80% da obra concluída, as equipes da construção avançam agora para a fase de finalização das áreas internas, instalação de climatização, sistemas hidráulicos e elétricos, além da preparação para receber os equipamentos hospitalares. A etapa seguinte envolverá testes, ajustes e a fase de vistoria para licenciamento.

A previsão continua sendo a entrega no primeiro semestre de 2026, prazo considerado adequado pela Prefeitura, que destaca a complexidade de um hospital com estrutura de UTI, blocos especializados e ambientes pedagógicos.

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