Decisão ocorre na véspera da visita de Lula à capital pernambucana e cobra investimentos públicos para modernização do metrô
Recife – Os trabalhadores do Metrô do Recife iniciaram, às 22h desta quarta-feira (13), uma paralisação de 24 horas contra a possibilidade de privatização do sistema, que atende cerca de 137 mil passageiros por dia na Região Metropolitana. A decisão foi aprovada pela maioria da categoria durante uma assembleia realizada na Praça de Greve, na Estação Central, e ocorre na véspera da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à capital pernambucana.
O movimento, liderado pelo Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), também exige do governo federal investimentos urgentes para a recuperação e modernização do serviço. O metrô, administrado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) — vinculada ao governo federal —, conta atualmente com 37 estações, divididas entre as linhas Centro e Sul.
Segundo o presidente do sindicato, Luiz Soares, a categoria espera que Lula anuncie oficialmente a desistência do projeto de concessão à iniciativa privada. “A gente vem conversando, dialogando com o governo federal para que ele garanta a não privatização. Foi o que ele [Lula] prometeu em campanha. Recentemente, recebemos a notícia de que ele vai conceder ao Estado para privatizar. Nós não concordamos com essa proposta”, afirmou. Ele destacou que, se não houver resposta, o movimento pode se estender: “A partir das 22 horas de hoje vamos parar o sistema de forma integral”.
Apoio sindical e campanha de mídia
A assembleia contou com o apoio de entidades como CUT, CTB, CSP-Conlutas, movimentos estudantis e organizações populares. Para reforçar a mobilização, o Sindmetro-PE lançou uma campanha nacional em defesa do metrô público. A partir desta quinta-feira (14), Recife terá mais de 20 outdoors e painéis de LED espalhados por pontos estratégicos, incluindo a Avenida Antônio de Góes, no bairro do Pina, com mensagens contra a privatização.
Privatização e transferência de gestão
A transferência da gestão, operação e manutenção da rede de metrô do Grande Recife para o governo de Pernambuco foi autorizada pelo governo federal em 22 de maio, mas ainda não foi efetivada. O Estado receberá a propriedade dos bens e ativos da União necessários ao funcionamento do sistema, que atualmente enfrenta problemas estruturais e frequentes falhas.
Histórico de falhas no sistema
Nos últimos meses, o metrô acumulou episódios de interrupção no serviço. Em 2 de julho, uma pane elétrica no Ramal Camaragibe prejudicou a circulação, causando transtornos aos passageiros. Em maio, a Linha Sul ficou mais de 14 horas paralisada devido a um problema na rede aérea nas proximidades da Estação Recife, afetando todo o trajeto. Em abril, a Linha Centro sofreu um curto-circuito na subestação de energia da Estação Coqueiral, provocando baixa tensão e paralisação total do ramal.
Além das falhas técnicas, o sistema enfrenta prejuízos provocados por vandalismo. Em maio, um passageiro provocou incêndio ao jogar uma bituca de cigarro na escada rolante da Estação Recife.