Mensagens e alarmes sonoros do novo sistema de emergência assustaram moradores de Recife e outras cidades, gerando humor nas redes sociais
Recife, PE – 4 de junho de 2025 – Um teste do novo sistema de alerta da Defesa Civil Nacional, realizado no último sábado (4), pegou moradores de surpresa em Recife, Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca e Caruaru. Às 16h11, celulares de quem estava nas regiões afetadas começaram a emitir sons estridentes, seguidos de uma mensagem que, apesar de informativa, causou espanto em quem não sabia do teste. O susto foi tanto que as redes sociais foram inundadas por memes comparando o alerta a situações como a explosão de uma “bomba atômica do Irã”, o início da “Terceira Guerra Mundial” e até a chegada de “furacões da Flórida”.
A ferramenta, batizada de “Defesa Civil Alerta”, faz parte de um esforço nacional para modernizar e ampliar a comunicação em situações de risco, utilizando a tecnologia cell broadcast. Esse modelo permite que qualquer celular conectado a uma rede 4G ou 5G, independentemente de cadastro prévio, receba mensagens de emergência, desde que esteja dentro da área de cobertura definida.
Reação imediata: susto e humor
Mesmo com o aviso prévio em portais oficiais e órgãos de imprensa, muitos moradores afirmaram nas redes sociais que não estavam cientes da realização do teste. A reação coletiva oscilou entre o medo e o riso. Alguns usuários do X (antigo Twitter) chegaram a relatar que imaginaram estar sendo atacados por mísseis. Um morador de Boa Viagem escreveu: “Eu estava tirando um cochilo e pensei que era a sirene do apocalipse. Quase pulei da cama gritando ‘é hoje!’”.
No Instagram, montagens mostravam cenas de filmes como Guerra Mundial Z e Independence Day ao som do alarme do alerta. A hashtag #DefesaCivilAlerta rapidamente entrou nos trending topics no Nordeste.
Tecnologia e segurança sem necessidade de cadastro
O novo sistema representa uma mudança significativa em relação ao modelo anterior, que dependia de inscrição por SMS. Agora, o alerta é enviado de forma ampla, usando a infraestrutura das operadoras de telefonia. De acordo com a Defesa Civil, essa estratégia permite uma resposta mais rápida em casos reais de desastre.
“Esse foi apenas um teste. Em uma situação real, esse tipo de alerta pode salvar vidas, principalmente em regiões propensas a enchentes, deslizamentos ou outros desastres naturais”, afirmou por nota a Defesa Civil de Pernambuco.
Os alertas estão divididos em dois níveis: severo e extremo, ambos direcionados a ameaças críticas à vida ou à infraestrutura. “O objetivo é garantir que o maior número de pessoas possível seja avisado com antecedência sobre riscos iminentes”, reforça o comunicado.
Aplicação nacional e abrangência
O teste realizado no sábado envolveu 36 municípios da região Nordeste. A ação faz parte de uma fase piloto da implementação nacional do novo sistema, que deve ser expandido para todo o Brasil nos próximos meses.
As cidades de Recife, Jaboatão, Ipojuca e Caruaru foram escolhidas por estarem entre as áreas com histórico de desastres climáticos, como enchentes e fortes chuvas. Em 2022, por exemplo, a capital pernambucana registrou mais de 120 mortes por conta de deslizamentos causados por temporais.
Entenda como o alerta é transmitido
O cell broadcast é uma tecnologia usada em diversos países para a emissão de alertas públicos. Diferente de uma notificação por aplicativo ou SMS, ele não depende da operadora enviar uma mensagem individual a cada número, mas sim de um sinal emitido por torres de telefonia que cobre uma área geográfica determinada.
A mensagem enviada no sábado dizia:
“Demonstração do novo sistema de alerta de emergência no Nordeste. Mais informações, consulte o site Defesa Civil Alerta.”
Nos celulares Android e iOS, a notificação veio acompanhada de um som alto e vibratório, projetado para chamar atenção mesmo quando o telefone está no modo silencioso. Essa característica, segundo especialistas, é crucial em casos reais, principalmente à noite ou em ambientes de pouca visibilidade.
Comunicação ainda é desafio
Apesar da importância do sistema, o episódio revelou um ponto de fragilidade: a comunicação com a população. Muitos moradores relataram não saber que se tratava de um teste. “Se era só um teste, faltou avisar melhor. Podiam ter feito uma campanha mais intensa na TV, rádio e redes sociais. Eu pensei que estava acontecendo um ataque de verdade”, disse Ana Cláudia Mendes, professora e moradora de Ipojuca.
A Defesa Civil informou que, nas próximas etapas do projeto, será reforçada a comunicação prévia à população, inclusive com campanhas educativas para explicar o funcionamento e a importância do sistema.
Humor como válvula de escape
O uso do humor diante de situações de tensão não é novidade, principalmente no Brasil. Em outras ocasiões, como apagões ou terremotos sentidos em cidades brasileiras, os memes nas redes sociais foram uma forma de aliviar o medo coletivo. O teste de sábado não foi diferente.
No TikTok, vídeos simulando cenas de fuga, com narração em tom de tragédia, viralizaram. Um deles, com mais de 300 mil visualizações, mostra um rapaz correndo com uma mala ao som do alerta, com a legenda: “quando o alarme toca e você acha que o mundo acabou.”
Especialistas em comunicação alertam, no entanto, para a necessidade de equilíbrio entre humor e responsabilidade. “É importante rir, sim, mas também entender o motivo por trás do sistema. Em um desastre real, ele pode ser decisivo”, disse a socióloga e pesquisadora digital, Juliana Tenório.
Próximos passos
A Defesa Civil Nacional pretende continuar realizando testes em outras regiões do Brasil nos próximos meses. Até o final de 2025, a expectativa é que o sistema esteja plenamente operacional em todo o território nacional.
Enquanto isso, o susto do sábado entra para o folclore digital do Nordeste – e deixa um alerta claro: quando os alarmes tocarem novamente, o ideal é estar informado para saber distinguir o teste de uma situação real.