A Praia do Manguinho, em Enseada dos Corais, ganhou novos sentidos de acolhimento e inclusão neste sábado (22) com a estreia do programa Praia Para Todos, iniciativa da Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho que reúne esforços das secretarias de Assistência Social e Esportes. A ação, que promove banho de mar assistido para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, nasce com o objetivo de garantir lazer acessível, seguro e digno para quem, por falta de estrutura adequada, muitas vezes não consegue desfrutar plenamente do ambiente praiano.
A primeira edição mobilizou cerca de cem participantes, entre pessoas com deficiência, idosos e familiares, fortalecendo o caráter comunitário e afetuoso do projeto. Com atividades físicas, ações de conscientização, distribuição de kits e o uso de equipamentos adaptados, o programa se consolida como um marco no compromisso do município com políticas públicas de inclusão e bem-estar.
Banho de mar assistido e estrutura acessível
O momento mais esperado pelos participantes foi a chegada ao mar por meio das cadeiras anfíbias, equipamentos que flutuam e permitem que pessoas com diferentes tipos de limitação motora entrem na água com segurança e conforto. A experiência foi conduzida por uma equipe de instrutores capacitados, que acompanharam cada participante de forma atenta e personalizada.
As cadeiras anfíbias, amplamente recomendadas em programas de acessibilidade costeira, possibilitam que pessoas com deficiência física, idosos ou indivíduos com mobilidade restrita vivenciem a praia com autonomia e prazer, sensações frequentemente negadas pela falta de infraestrutura adequada nas orlas brasileiras. Para muitos, o banho de mar representou mais do que um momento de lazer: foi um reencontro com um ambiente afetivo e terapêutico.
Os participantes receberam ainda kits contendo bolsa, camisa UV e viseira, garantindo proteção e conforto durante a permanência na praia. As crianças ganharam pulseiras de identificação para reforçar a segurança no local. A organização também preparou atividades para toda a família, como alongamento, aulas de dança, funcional, vôlei e frescobol.
A moradora Isabel Santos, mãe de Kawane, que tem deficiência física, reforçou a importância emocional do programa: “Muitas vezes a gente acabava ficando de fora desses momentos porque não tinha estrutura ou segurança. Hoje foi diferente. Ver minha filha entrando no mar, sentindo a água, sorrindo… isso não tem preço.”

Inclusão como política pública
O Praia Para Todos será realizado quinzenalmente aos sábados, sempre na Praia do Manguinho, e não exige inscrição prévia. Essa estratégia busca facilitar a participação espontânea das famílias e incentivar o uso democrático dos espaços públicos. O formato também permite que mais pessoas tenham acesso à iniciativa ao longo do ano, ampliando o impacto social do programa.
A gestão municipal, ao implementar o projeto, reforça o entendimento de que acessibilidade não é um diferencial, mas um direito. O prefeito Lula Cabral destacou a importância de políticas desse tipo para promover cidadania e equidade. “O Cabo precisa ser uma cidade que cuida das pessoas. O ‘Praia Para Todos’ é uma prova de que governar é olhar para quem mais precisa. Estamos garantindo acesso, lazer e respeito. Esse é o tipo de política que transforma vidas e fortalece a nossa cidade.”
A presença de autoridades, profissionais da assistência social, educadores físicos, voluntários e familiares ao longo do dia evidenciou o caráter coletivo da iniciativa, que visa não apenas oferecer lazer adaptado, mas também sensibilizar a sociedade sobre o valor da inclusão como prática cotidiana.
Praia Legal reforça enfrentamento ao trabalho infantil
A Secretaria de Assistência Social integrou à programação a ação Praia Legal, voltada para o combate ao trabalho infantil nas orlas. A iniciativa tem foco na conscientização de frequentadores, vendedores ambulantes e comerciantes acerca dos riscos, ilegalidades e impactos sociais envolvidos na exploração infantil. A presença da equipe na praia estabeleceu diálogos com famílias, distribuiu material informativo e orientou sobre canais de denúncia e redes de proteção.
O caráter educativo da ação foi pensado para alinhar a experiência de lazer inclusivo com a promoção de direitos fundamentais, ampliando o alcance social do evento e fortalecendo a responsabilidade coletiva na proteção de crianças e adolescentes.
Bem-estar, convivência e fortalecimento comunitário
Além da vivência do banho assistido, a manhã de atividades também proporcionou aos participantes momentos de convivência e bem-estar. Aulas de alongamento e dança ajudaram a preparar o corpo para a experiência marítima, enquanto as práticas esportivas foram adaptadas para incluir pessoas de todas as idades e condições.
As famílias, que muitas vezes encontram limitações para atividades ao ar livre com seus entes com deficiência, destacaram a importância do acolhimento e da ausência de burocracia para participar do evento. A dinâmica foi pensada para ser fluida, segura e respeitosa, sem filas extensas ou dificuldades de acesso.
Para idosos, a ação representou também estímulo ao movimento e incentivo ao cuidado com a saúde física e mental. Muitos relataram que a possibilidade de contar com apoio técnico os encorajou a retornar ao mar após anos de afastamento por motivos de insegurança, limitações físicas ou falta de companhia adequada.
Compromisso com acessibilidade permanente
O projeto Praia Para Todos está alinhado às políticas públicas de inclusão e acessibilidade previstas tanto em diretrizes municipais quanto nacionais. Iniciativas desse tipo também fortalecem o turismo social, aproximando populações vulneráveis de espaços que deveriam ser de uso universal.
A escolha da Praia do Manguinho, uma das mais frequentadas da região, também contribui para maior visibilidade e para incentivar que demais praias do Cabo possam receber, futuramente, estruturas similares. A intenção, segundo equipes locais, é transformar o programa em referência regional e inspirar outros municípios a adotarem ações permanentes de acessibilidade costeira.
Além das cadeiras anfíbias, a estrutura montada no local priorizou caminhos acessíveis e áreas destinadas ao atendimento especializado. Instrutores foram treinados não apenas para garantir a segurança aquática, mas também para lidar com diferentes tipos de deficiência, sempre respeitando limites individuais e promovendo autonomia.
Emoção e pertencimento no primeiro mergulho
Entre abraços, risadas, registros fotográficos e relatos emocionados, o clima do evento foi de celebração. Para muitas famílias, o mar representa memória afetiva, reencontros e cura. E ao permitir que pessoas com deficiência tenham acesso pleno a esse espaço, o programa promove inclusão em sua forma mais essencial: o direito de sentir, vivenciar e pertencer.
A iniciativa também destaca a potência do esporte e da atividade física como ferramentas de socialização e fortalecimento emocional. Vôlei, frescobol e atividades de dança foram adaptados para que todos pudessem participar, reforçando que inclusão vai além de equipamentos: é atitude, interação e cuidado coletivo.














